Todas os pais as conhecem, as famosas
tabelas de percentis de altura e peso dos bébés e crianças. Representam para
muitas mães motivo de angústia sobretudo se o seu rebento se encontra nos
“percentis mais baixos” ou se “descem de percentil”. Têm normalmente aspeto
semelhante a este.
Mas afinal o que é que são e o que
representam os percentis? Para responder a esta questão teremos que rever umas
das medidas importantes da estatística, os quantis. Tal como a média, a mediana
ou a moda, os quantis são medidas de
posição.
Figura 1. Tabelas de percentis de altura e peso de bébés dos 0 aos 2 anos, segundo o standard da Organização Mundial de Saúde. |
A mediana (m) é a medida de localização
dos elementos numa amostra da população. A mediana é tal que 50% dos elementos da
amostra são menores ou iguais a m e os outros 50% maiores ou iguais a m.
Ao generalizar esta noção para definir outros intervalos de divisão dos elementos da amostra populacional, obtêm-se os genericamente designados quantis. Diz-se que um quantil de ordem p (com 0<p<1) é o valor Qp tal que 100xp% dos elementos da amostra são menores ou iguais a Qp e os restantes 100x(1-p)% dos elementos da amostra são maiores ou iguais a Qp. Ou seja, toma-se toda a amostra de população, ordena-se todos os elementos por ordem crescente e divide-se a população em p partes iguais
Ao generalizar esta noção para definir outros intervalos de divisão dos elementos da amostra populacional, obtêm-se os genericamente designados quantis. Diz-se que um quantil de ordem p (com 0<p<1) é o valor Qp tal que 100xp% dos elementos da amostra são menores ou iguais a Qp e os restantes 100x(1-p)% dos elementos da amostra são maiores ou iguais a Qp. Ou seja, toma-se toda a amostra de população, ordena-se todos os elementos por ordem crescente e divide-se a população em p partes iguais
Aplicando esta definição à mediana,
verificamos que esta não é mais do que o quantil de ordem p=1/2, estamos a
dividir a população em duas partes iguais.
Existem outras definições de quantis de
ordem específica que são muito utilizados, os quartis, os decis e os percentis.
Os nomes são sugestivos: nos quartis a população é dividida em 4 partes iguais,
nos decis em 10 partes iguais e nos percentis em 100 partes iguais.
Por exemplo, aplicando esta noção aos
quartis, isto quer dizer que em cada quartil estão contidas ¼ ou 25% das
observações realizadas. Os quartis estão organizados da seguinte forma:
- Q1=1º quartil; corresponde ao quantil de ordem p=1/4
- Q2=2º quartil; corresponde ao quantil de ordem p=1/2
- Q3=3º quartil; corresponde ao quantil de ordem p=3/4
Note-se que o 2º quartil coincide com a
mediana, m.
Pela mesma ordem de ideias, os centis ou
percentis, dividem a série ordenada em 100 partes iguais, contendo cada uma
delas 1/100, ou seja, 1% das observações.
Assim, por exemplo:
- C1=1º percentil, corresponde ao centil de ordem p=1/100
- C50=50º percentil, corresponde ao centil de ordem p=50/100=1/2
Com os valores correspondentes dos
percentis é possível criar gráficos com curvas de evolução de altura e peso
para cada percentil. Estes gráficos são denominados pelos pediatras como
tabelas de percentis. Tendo em conta o que foi dito, é fácil de perceber que as
curvas representadas nas tabelas de percentis dependem directamente da amostra de
população considerada, ou seja, para cada sub-grupo da população mundial
considerado poder-se-ia construir tabelas de percentis com aspectos diferentes
dependendo dos critérios de selecção utilizados para construir esse subgrupo.
Quer isto dizer que a mesma criança poderia pertencer a percentis de peso e
comprimento diferentes se os critérios de amostragem não fossem os mesmos.
Numa tentativa de uniformizar as tabelas, em meados dos anos 70 o “National Center for Health Statistics” americano e a Organização Mundial de Saúde estabeleceram tabelas de referência recomendadas para uso internacional. Estas tabelas de referência apresentavam várias limitações ao nível do processo de amostragem e dos métodos estatísticos utilizados, pelo que nos anos 90 foram revistas e criou-se ou standard internacional para as tabelas de percentis. As crianças e bébés incluídos na amostra de população deste novo standard consistiu de crianças saudáveis a viver em condições favoráveis ao seu crescimento e à concretização do seu potencial genético; as mães dessas crianças seguiam um estilo de vida saudável, dos quais se destacam a abstenção de fumar e a amamentação dos bébés com leite materno. Foram incluídas crianças de seis países diferentes (Brasil, Ghana, Índia, Noruega, Oman e EUA), pelo que a amostra contém grande variedade genética e étnica e variação cultural nos cuidados com as crianças. A principal característica deste estudo é o estabelecimento da criança alimentada com leite materno como o modelo para o crescimento e desenvolvimento (no estudo anterior as crianças eram alimentadas maioritariamente com leite em pó).
Numa tentativa de uniformizar as tabelas, em meados dos anos 70 o “National Center for Health Statistics” americano e a Organização Mundial de Saúde estabeleceram tabelas de referência recomendadas para uso internacional. Estas tabelas de referência apresentavam várias limitações ao nível do processo de amostragem e dos métodos estatísticos utilizados, pelo que nos anos 90 foram revistas e criou-se ou standard internacional para as tabelas de percentis. As crianças e bébés incluídos na amostra de população deste novo standard consistiu de crianças saudáveis a viver em condições favoráveis ao seu crescimento e à concretização do seu potencial genético; as mães dessas crianças seguiam um estilo de vida saudável, dos quais se destacam a abstenção de fumar e a amamentação dos bébés com leite materno. Foram incluídas crianças de seis países diferentes (Brasil, Ghana, Índia, Noruega, Oman e EUA), pelo que a amostra contém grande variedade genética e étnica e variação cultural nos cuidados com as crianças. A principal característica deste estudo é o estabelecimento da criança alimentada com leite materno como o modelo para o crescimento e desenvolvimento (no estudo anterior as crianças eram alimentadas maioritariamente com leite em pó).
O novo
standard define como as crianças devem crescer, o que quer dizer que é mais
fácil identificar crianças com problemas ou patologias relacionadas com o
crescimento. À medida que a criança vai crescendo a sua altura e peso são
registadas no gráfico, para verificar se seguem uma determinada curva, o que
quer dizer que a criança se vai mantendo no mesmo percentil. Se a criança segue
uma determinada curva consistentemente de medição em medição, então tem um
crescimento saudável. Por exemplo, uma criança que segue a curva do percentil
C5 de altura é apenas uma criança saudável mais baixa do que a média, ao passo que uma
no percentil C90 é mais alta do que a média. Se o padrão de crescimento de uma
criança se altera repentinamente e o seu peso aumenta ou diminui
significativamente em termos de percentis, então o pediatra sabe que pode haver
um problema e actua no sentido de o identificar.
Apenas uma
nota final para indicar que, embora os novos standards estejam disponíveis
desde 2006 para utilização por todos os países que o queiram fazer, e em 2012
tenha sido anunciado que as novas tabelas de percentis seriam adoptadas pelo Direcção-Geral
de Saúde em Portugal (http://www.publico.pt/sociedade/noticia/portugal-vai-adoptar-novas-curvas-de-crescimento-para-bebes-e-criancas-1566206),
até hoje ainda não o fizeram, pelo que os bébés portugueses ainda são “classificados”
segundo as tabelas dos anos 70, que desfavorecem os bébés amamentados com leite
materno, cujo crescimento é normalmente um pouco mais lento nos primeiros meses
de vida.
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